15 de julho de 2011

Entenda essa questão dos dois Supremos. Parte 1.


O presente parecer tem o intuito de esclarecer e provocar o debate racional sobre a questão da divisão ocorrida no seio da Ordem DeMolay Brasileira.

Através deste documento, este articulador pretende incitar saudáveis e democráticas discussões fixando balizas, que bem compreendidas poderão quiçá contribuir para o fim das animosidades, erros, dúvidas e desencontros que abalam em território nacional uma das mais importantes obras da Maçonaria Universal.

Por óbvio, o presente parecer não pretende ser a palavra final sobre a questão divisionista, mas apenas um veículo indutor, um modelo aberto para a compreensão dos atuais fatos. Tentaremos abordar singelamente, quando pertinente, aspectos jurídicos e históricos tanto da Ordem DeMolay quando da Ordem Maçônica.

I - Dos Fatos
Em meados do ano de 2003, começaram a surgir movimentos mais elaborados que criticavam a Administração superior da Ordem DeMolay, então exercida exclusivamente pelo Supremo Conselho da Ordem DeMolay para o Brasil.
Já no ano seguinte animosidades que brotaram no âmbito administrativo do simbolismo e do filosofismo Maçônico, extrapolaram seu universo e impregnaram a Ordem DeMolay.

Não cabe a esta peça analisar estes fatos, nem suas razões nem os envolvidos, pois qualquer incursão neste campo poderia transmitir a errônea mensagem de que a Maçonaria Brasileira se resume a facções ou pequenos grupos de homens e seus interesses, desfigurando o caráter Universal e Fraterno construído ao longo de anos de dedicação e trabalho por uma plêiade de honoráveis homens de bem.

José Catellani na introdução de sua obra intitulada “A Cadeia Partida”, onde relata a cisão de 1973, rotulada por ele como a “mais traumática e devastadora cisão ocorrida até hoje na Maçonaria Brasileira e a que mais provocou disputas judiciais maçônicas e profanas”, salienta muito bem o fato de que não existe dissidência, principalmente de caráter político, que não envolva boa e má-fé, idealismo e arrivismo, acertos e erros.

Para nós basta saber que o descontentamento em relação à alguns aspectos da administração promovida pelo Supremo Conselho da Ordem DeMolay para o Brasil misturou-se a desafetos surgidos no ambiente Maçônico.

É de se notar, ainda, que a presente questão divisionista na Ordem DeMolay Brasileira guarda uma terrível similitude com os eventos ocorridos no Congresso Internacional de Supremos Conselhos do R\E\A\A\realizado em Paris no período de 29 de Abril a 06 de Maio de 1929.

Castellani relata que a Maçonaria Brasileira nem bem se recuperava da crise de 1927 ocorrida no seio da Oficina-Chefe do R\E\A\A\ e que deu origem às Grandes Lojas, mas, em função do citado Congresso, o então Grão-Mestre Octavio Kelly nomeou uma embaixada composta por três Soberanos Grandes Inspetores Gerais, com o objetivo de defender as prerrogativas do Supremo Conselho do Brasil, ligado ao Grande Oriente do Brasil.

O General José Maria Moreira Guimarães, que chefiava a comissão, levava consigo um ato de Kelly dando-lhe amplos poderes para desempenhar sua missão, portava também documentos e uma defesa historiando os fatos e mostrando que o que houvera, na realidade, fora uma dissidência e não uma separação total, continuando, o Supremo Conselho, a manter a  legitimidade, através de seus membros efetivos remanescentes, ou seja aqueles que não acompanharam a dissidência.

Tal qual ocorreu na presente questão divisionista da Ordem DeMolay, os dissidentes haviam ido a Paris bem antes do Congresso, tendo oportunidade de dar a sua versão dos fatos ao Irmão René Raymond, encarregado dos trabalhos preparatórios do evento, e predispondo seu espírito contra a embaixada do Grande Oriente do Brasil.

Hoje, repetindo o mesmo script, os dissidentes Brasileiros da Ordem DeMolay, antecipadamente, foram aos Estados Unidos da América, sustentaram sua posição perante a DeMolay International, e este “sem ouvir e sem nada examinar” retirou o reconhecimento do Supremo Conselho da Ordem DeMolay para o Brasil, e arbitrariamente, sem poderes para tanto constituiu um novo Supremo Conselho a eles vinculado.

Como se verá no decorrer desta peça, os anseios dos dissidentes Brasileiros em fundar um novo Supremo Conselho, e os anseios de re-anexação do Brasil a sua esfera administrativa mantido pela DeMolay International, com sede nos E.U.A, mesclaram-se fundindo-se em um só movimento.

Esta é a gênese da atual “Questão Divisionista” que deu origem ao nominado Supremo Conselho da Ordem DeMolay para a República Federativa do Brasil.

(Retirado do site do SCODB - demolay.org.br )

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